Quem nunca viu uma cruz?
A pergunta parece ser desnecessária, afinal estamos em um dos
maiores países “cristãos” do mundo. Obviamente qualquer pessoa
que enxergar terá visto não uma, mas centenas delas, seguramente,
afinal, esse é o símbolo do Cristianismo.
Durante
séculos a
igreja oficial
da história
adotou a
cruz como
seu símbolo
de um
modo tão
eficiente que
hoje em
dia poucos
associam a fé cristã a outro símbolo
usado pelos
cristãos no
princípio, o
peixe. O Cristianismo fincou seu
logotipo de um jeito que diretor de marketing nenhum poderia colocar
defeito.
Hoje a cruz se encontra
em milhares de cidades, vilas e aldeias espalhadas pelo mundo.
Frequentemente está no topo e é a primeira coisa que se vê de
longe. Nos cemitérios também é bastante fácil de achá-la. Está
ali fora, na pedra, ou dentro, sobre a madeira do caixão, como que
assinalando para esta vida e para além dela a suposta condição
daquele ali sepultado. Não é à toa que para a maioria das pessoas
a ideia de cruz venha acompanhada de um inconfundível cheiro de
vela. Mesmo no mundo não cristão a cruz é uma marca de tremenda
intensidade. Encontrar uma cruz em certos países, para um cristão,
é como voltar para casa depois de atravessar o mundo.
Jesus,
muito antes
de ser
crucificado, já
usava a
cruz como
ilustração em
suas pregações.
Ele disse
“Se alguém
quiser vir
após mim,
negue-se a
si mesmo,
e tome
a sua
cruz, e
siga-me” (1).
Quando Jesus
disse isto
ele sabia
que na
mente das
pessoas a
cruz significava
morte. Um
tipo de
morte
invariavelmente lenta
e muito
sofrida, além
de pública
e vergonhosa. Jesus
estava dizendo
ali que
segui-lo é
negar-se a
si mesmo,
é renunciar-se
a ponto
de morrer.
Em uma
outra passagem
temos ainda
a expressão
“a cada
dia”(2),
enfatizando que
isso não
era apenas
um ato
esporádico, mas
sim a
norma da vida
de alguém
que segue
a Jesus.
Quando
finalmente Jesus
foi levantado
em uma
cruz, para
ser morto
à vista
de todos,
ele estava
dando o
exemplo final
de uma
vida de
inteira renúncia
a si mesmo(3).
Jesus permitiu
que a
vontade de
Deus se
cumprisse em
sua vida
até o
ponto de
ser
miseravelmente
morto de
um modo
vergonhoso aos
olhos dos
homens. A
vergonha da cruz era tão grande que hoje é difícil dimensioná-la. Para se ter uma idéia, a cultura islâmica,
mesmo não
tendo Jesus como
Salvador, é
incapaz de admitir sua crucificação,
tamanha a humilhação de alguém da cruz.
Mesmo assim as cruzes
continuam cada vez mais populares como adereços, nos pescoços, nas
orelhas ou até nos umbigos da massa. É artigo da moda, que todo
mundo carrega e continua preservando na tradição ou na arquitetura,
embora cada vez menos alguém saiba o porquê.
Infelizmente, ao longo
da história o exemplo de Jesus não foi tão copiado quanto o
desenho da cruz tem sido. Nos dias de hoje a maioria das pessoas vive
em busca de um estilo de vida cada vez mais egoísta, resistente a
contrariedades e conflitos, cada vez mais centralizado na realização dos
desejos e das vaidades individuais. Qualquer pessoa pensa várias
vezes antes de ajudar alguém ou ceder em qualquer pequena discussão. Os cristãos são gratos pelo sacrifício de Jesus na cruz, mas têm se esquecido metodicamente do quanto levar a
cruz é um princípio básico do Cristianismo.
Mas, é indispensável dizer que a
cruz, no
Cristianismo,
está longe
de significar
derrota. Jesus
transformou o
significado
mórbido da
cruz em
um marco
da celebração
da verdadeira
vida. Paulo
escreveu:
“...e,
achado na
forma de
homem,
humilhou-se a
si mesmo,
sendo obediente
até à
morte e
morte de
cruz. Pelo
que também
Deus o
exaltou
soberanamente e
lhe deu
um nome
que é
sobre todo
o nome...”(4)
O sacrifício
de Jesus
foi tão
perfeito que
a própria
morte não
o pôde
reter(5) e
por isso
Jesus
ressuscitou(6).
Jesus
ressuscitou! E
é por
isso que
faz sentido
em se
falar de
cruz(7). É
por isso
que faz
sentido carregar
uma cruz.
E nisto
deveria crer
todo aquele
que ostenta “sua”
cruz.
Hamilton Furtado
Hamilton Furtado
Referências: (1) Mateus 16:24, Marcos 8:34; (2) Lucas 9:23; (3)
Filipenses 2:5 a 8; (4) Filipenses 2:9; (5)Atos 2:24; (6)Filipenses2:10 e 11; (7)I Coríntios 15:13 e 17;
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