31 julho, 2012

A Verdadeira Religião

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A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo. (Tiago 1:27)
 
Procuro um lugar onde os burburinhos da noite agitada desistam de competir com o clamor da minha alma e saio para contemplar o incrível céu estrelado. Sinto falta de ficar a sós com Deus. Me aconchego sobre um banco de cimento, ainda aquecido pelo calor do dia, e volto meu olhar para o firmamento. Embora tênues, como um longo e fino véu opaco, as nuvens ocultam as estrelas, deixando-me frustrada.

Um turbilhão de emoções agita o meu espírito, cheguei a um ponto onde nada mais importa. Deus me completa, meu mundo tornara-se irrelevante para mim, a vaidade migrara, de nada sinto falta, não desejo voltar, há muito que se fazer por aqui, os dias não foram suficientes, me sinto impotente e paralisada diante de tanta aridez espiritual e física. Gostaria de me fundir na negritude celeste e adquirir poderes sobrenaturais para fazer mais.

Os gritos de desespero, estampados em cada rosto, atingem o ponto nevrálgico da minha alma e me movem em grande compaixão. Meu coração fora dilacerado por cada dardo inflamado de dor, de miséria, de descaso, de abandono, de infâncias perdidas, de sonhos irrealizáveis. Tudo o que eu queria ter, é mais que uma vida e me fazer em mil pedaços para poder servir. Choro por esse povo, e me recuso a ser consolada.

Entro, na esperança de que o sono me transporte para outros mundos, mas não consigo dormir, sou impelida a retornar. Volto para o banco, quando percebo estupefata que o céu se abrira e ficara completamente límpido. Posso contemplar, como nunca, uma gama infinita de estrelas coloridas de tamanhos variados, as constelações claramente nítidas na escuridão e a via láctea que se espalha, num sopro, como poeira. É maravilhoso. Meu coração adora.


Eu apenas posso observá-las, mas Deus as conhece, a cada uma Ele chama pelo próprio nome e sabe de sua constituição. Aqui, eu apenas posso assistir aos ribeirinhos, por alguns dias, mas Deus os conhece, a cada um Ele chama pelo próprio nome, Ele sabe de cada dor e de cada aflição, deu Seu único Filho por amor a eles, não há nada mais que eu possa fazer, a não ser continuar buscando para transmitir Sua mensagem com excelência. Eu não sou ninguém, mas é de pessoas de fé que esse povo necessita e dos dons e talentos que lhes serão intrínsecos.


O único consolo que encontro em meio a tanto sofrimento, é saber que o evangelho nivela a todos, e cada um receberá de Deus o seu galardão. Um dia, Ele mesmo enxugará cada lágrima, “bem aventurados os que choram porque serão consolados”, e a justiça será executada sobre homens omissos que tiveram oportunidade de servir, mas não serviram, seja por ganância, por comodismo ou pela própria dureza de coração. A Parábola do rico e de Lázaro há de se repetir por muitas e muitas vezes na vida de pessoas que podiam fazer o bem e não fizeram, que podiam doar um pouco de si e dos seus talentos para aliviar a dor dos que sofrem e não doaram, daqueles que tinham muito para dividir com os necessitados mas para si e para os seus retiveram, daqueles para quem Jesus veio mas não se comoveram. Não lhe deram de comer, não lhe deram de beber, não lhe deram de vestir, não o visitaram, nem o receberam.

Penso na futilidade das nossas vidas, de todos nós, que vivemos do lado de cá; no nosso materialismo, nas nossas vaidades, no nosso viver para nós mesmos, e em tudo o que é supérfluo num mundo dominado por necessidades criadas, das quais nos tornamos escravos e vivemos para suprir; enquanto Jesus que deu Sua vida por todos, morreu "para que os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou".


Penso no investimento que cada um de nós, cristãos, fazemos em missões anualmente: Um real e cinquenta centavos, então eu me pergunto: - Até quando, Senhor, até quando? Até quando tamparemos nossos ouvidos para não ouvir os gemidos e até quando endurecemos os nossos corações para não nos comover mediante a dor? Até quando alimentaremos nossa alma de belos discursos, enquanto, dando de ombros, encolhemos as nossas mãos? Até quando viveremos cercados pelas necessidades que se avultam, enquanto aliviamos nossas consciências, nos convencendo que de não temos culpa, pois não tivemos nisso participação?

Quando deixaremos de viver para o nosso deleite e viveremos uma vida que vale a pena ser vivida, para sua glorificação? Quando chegará o dia em que todo aquele que segue ao Mestre cumprirá a missão de salgar o mundo, praticando o Seu amor?

“Se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam”. (Isaias 58:10-11)

Ira Borges

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