24 junho, 2012

Armário antigo, Amor renovado

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armario velho
"...Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí". (Jeremias 31:3b)
 
Era um armário velho, encostado na garagem, sujeito à corrosão do tempo, servindo para acumular tranqueiras, desprezado, sem valor. Tudo o que não era muito estimado, colocávamos dentro dele. E o armário foi ficando cada vez mais entulhado, desgastado e de aspecto cada vez pior. Ninguém se importava com ele, nem com seu cuidado. E, como um abismo chama outro abismo, certo dia, o trambolho miserável tombara, tendo seus vidros estilhaçados. Ficara lastimável. Motivo de vergonha, foi colocado novamente em um canto e continuou seu destino rumo à deterioração.

Não havia nada nele que me atraísse, motivasse ou que o fizesse merecer minha afeição. Até que um dia, resolvi olhar para ele com um olhar benevolente, mas intencional. Passei a me preocupar com o seu estado e criei algumas expectativas sobre tudo o que ele poderia ser. Deixei de me resignar com o armário desvalorizado, elaborei um cronograma de mudanças e me entreguei ao seu projeto. Tirei seus entulhos, espanei, limpei, esfreguei, levei-o para dentro de casa, mas ainda precisaria de muito trato para fazer jus ao seu lugar.

O fato de dar-lhe importância, fez com que eu me sacrificasse, investindo tempo, dinheiro e muito trabalho. Tudo o que ele precisava era de um bom restaurador. Eu conseguia ver todas as suas imperfeições, tinha um modelo ideal em minha mente e, através da minha ação, eu o transformaria. Ele apenas se confiou aos meus cuidados enquanto me dediquei completamente em corrigi-lo, mudá-lo, executando tudo o que deliberei fazer.

Foi uma tarefa complexa, tive que ser longânime: Lixei, pintei, envernizei, coloquei vidros, espelhos, azulejos e: “Voilà”!
O armário nasceu outra vez e, agora, coberto de dignidade, parece olhar para mim, satisfeito, agradecido, porque me compadeci buscando o seu bem, me envolvi e me empenhei comprometidamente em sua mudança, resgatando o seu valor.

Agora, tenho ciúmes e exagero no cuidado, tudo o que acontece com ele é relevante para mim, pois passou de um armário sem apreço a objeto da minha afeição:

"Cuidado, não risque o armário."
"Não, não, não coloque nada em cima do armário."
"Não guarde nada velho no armário."
"Não toque no meu armário, por favor."

E eu ainda continuo zelando e adornando aquela peça útil e bela e, não só o preservarei como também, o usarei conforme as minhas pretensões. E qualquer pessoa que apreciá-lo, se voltará para mim em louvor.

A que compararei o amor de Deus?
"Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou,e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus". (Efésios 2:4-6)
 Ira Borges

 

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